quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Ruperto Sagasti... da Guerra Civil Espanhola ao estrelato no futebol soviético



 Quando em meados dos anos 30, o menino espanhol Ruperto Sagasti San-Vicente deixou a Espanha como refugiado da Guerra Civil Espanhola para viver na União Soviética, não imaginava que ainda tivesse que encarar em sua vida uma outra guerra. Natural da cidade de Bilbao, onde nasceu em 1923, ele foi levado para a URSS ainda aos 12 junto a outras crianças. Após chegar em Leningrado, encarou uma viagem de barco para ir viver em Odessa, uma cidade ucraniana. Mas com a Segunda Guerra Mundial batendo a porta, teve novamente de abrigar-se em outra localidade do país soviético.

 Sua empreitada no futebol foi ainda em Odessa, quando jogou numa equipe formada por espanhóis. A guerra não impediu que ele ingressasse no futebol. Em 1944 começa sua carreira no plantel do Krylia Sovetov, equipe fundada durante a guerra, no ano de 1942, que só estreou no futebol dois anos depois. A derrota do clube em 5 a 1 em sua estreia para o Lokomotiv Moscou não impediu o sucessso no futebol. Em 1945, disputam seu primeiro campeonato nacional, a 2° divisão do Campeonato Soviético, na qual sagraram-se campeões. Já em 1946 o clube revela outra lenda do futebol soviético. Ninguém menos que Nikita Simonyan. Foi junto a este, que Ruperto saiu do Krylia em 1949 e foi em direção ao Spartak Moscou.

 Junto de Simonyan e de outro refugiado da Guerra Civil, Augustin Gomez, conquistou pelo Spartak a Copa da URSS em 1950, quando o Time do Povo venceu o rival moscovita, Dínamo, por 3 a 0. Porém, a sorte não esteve ao seu lado a todo momento. Com uma lesão no joelho aos 28 anos, não deu prosseguimento na sua carreira no elenco alvirrubro. Em 1952 tentou retornar ao futebol pelo Daugava Riga, da Letônia, mas acabou por encerrar de vez a carreira como jogador. Em contrapartida, o estado soviético lhe deu uma bolsa de cinco anos no Instituto da Cultura Física. Assim, foi para a Argélia na década de 70 para treinar o Batna. E ainda nos anos 70, lecionou no mesmo Instituto de Cultura Física em Moscou, onde foi responsável por dar aulas aos principais treinadores do país. 
Sergey Korshunov, Nikita Simonyan, Ruperto Sagastí e Agustin Gomez.

 Mais tarde, foi responsável pelo restabelecimento das relações soviéticas com a Espanha, após a derrocada do franquismo. Criou uma importante rede contatos no futebol espanhol que mais tarde possibilitou a negociação do goleiro soviético Rinat Dasaev, que por cerca de 1 milhão de euros foi defender o Sevilla em 1988. Também levou Eduard Son do Dnipro para o Osasuna em 1990.

 Sagastí era casado com Lidia, uma mulher moscovita. Veio a falecer em Moscou no dia 25 de novembro de 2008, dois dias antes de seu aniversário. Seu corpo foi enterrado na capital russa, onde viveu 71 dos seus 85 anos de vida.



Por: Milton Filho

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