domingo, 23 de abril de 2017

Iugoslávia em Copas do Mundo




Era maio de 1980 quando Hajduk Split e Estrela Vermelha fizeram um minuto de silêncio dos mais marcantes da história do esporte. O Marechal Marechal Josip Broz Tito havia falecido dias antes e tanto croatas como sérvios, posteriormente inimigos mortais, choravam juntos. 



É inegável que aquela data foi o começo do fim para a até então sólida Iugoslávia. O elo possível capaz de sustentar estabilidade da região, composta por Sérvia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Eslovênia, Montenegro, Kosovo e Macedônia havia acabado. A República Socialista Federativa da Iugoslávia, com estes membros, durou ainda 12 anos instáveis. No futebol a Iugoslávia ficou marcada na história, entre 1945 a 1992, como uma das maiores potências do futebol, não atoa chamada de "Brasil da Europa", pelo seu estilo clássico e habilidoso de jogo. 

As Copas do Mundo foram um dos palcos do grande futebol iugoslavo, porém os resultados e a sorte nunca espelharam o futebol jogado. 

Compreendendo apenas o período citado, 1945 a 1992, de forma resumida temos:
  • Copa de 1950 (Brasil): ficou na primeira fase, porém se classificavam apenas os primeiros de cada grupo, e os iugoslavos caíram no grupo do Brasil, ficando apenas um ponto atrás dos anfitriões. Destaque para a vitória de 4 a 1 sobre o México. 
Iugoslávia 4 x 1 México

  • Copa de 1954 (Suíça): Novamente no grupo do Brasil, empatou com a seleção canarinho em pontos, além de vencer a França por 1 a 0. Caiu nas quartas-de-final diante da futura campeã, Alemanha Ocidental.


Iugoslávia 1954


  • Copa de 1958 (Suécia): cai novamente diante da Alemanha Ocidental nas quartas, depois de ficar em primeiro lugar na fase de grupos, vencendo novamente a França, embora tenha empatado dois jogos onde poderia ser considerava favorita, contra Escócia e Paraguai.
De pé: Veselinović, Krstić, Kostić, Crnković, Krivokuća e Zebec.
Agachados: Belin, Petaković, Pašić, Šijaković e Boškov.

  • Copa de 1962 (Chile): Quarta colocada, seu melhor resultado. Em um grupo eletrizante na primeira fase, contendo União Soviética, Iugoslávia, Uruguai e Colômbia, os dois países socialistas se sobressaíram sobre os sulamericanos e se classificaram. Novamente encontra a Alemanha Ocidental nas quartas-de-final e desta vez vence os tedescos por 1 a 0, vingando as derrotas anteriores. No entanto fica nas semi-finais perdendo para a também socialista Tchecoslováquia, futura vice-campeã, em um jogaço.



Tchecoslováquia 3 x 1 Iugoslávia


  • Copa de 1974 (Alemanha Ocidental): classifica-se em primeiro lugar no grupo do Brasil, além de obter uma das maiores goleadas da história das copas: 9 a 0 no Zaire. Na segunda fase foi mal e acabou em sétimo lugar em uma copa que foi dividida em duas fases de grupos.


Vitória de 9 a 0 sobre o Zaire


  • Copa de 1982 (Espanha): Ainda na ressaca da morte de Tito a seleção vai mal e fica na primeira fase em um grupo com Irlanda do Norte, Honduras e a anfitriã Espanha. 



  • Copa de 1990 (Itália): Após ter se classificado em primeiro lugar geral nas eliminatórias europeias, a Iugoslávia chega a sua última copa unificada com um de seus melhores times, e talvez seu mais belo uniforme. Na competição ficou em quinto lugar, após ser eliminada nas  quartas de final pela Argentina, protagonizando uma das disputas de pênaltis mais inesquecíveis da história das copas. Como consolo, o prêmio individual para Prosinečki, como jogador revelação do torneio. O vídeo a seguir diz mais que qualquer explicação possível sobre a eliminação iugoslava, e deixa a lição de nunca trocar de batedor no último momento.

A Iugoslávia, com as repúblicas citadas formando sua federação, começou a se dissolver em 1992. Na Copa de 1994, em plena guerra civil iugoslava, nenhuma das ex-nações participou. Porém, caso ainda existisse, a Iugoslávia seria provavelmente uma das favoritas e uma das seleções mais forte de todos os tempos, com jogadores como Prosinečki, Davor Šuker, Boban, Mihajlović, Stojkovic e Savicevic no auge da forma.

Em 1998 tivemos uma Iugoslávia "reduzida" a 
Sérvia, Montenegro e Kosovo na Copa, mas o destaque ficou com a recém independente Croácia, com um terceiro lugar que a antiga Iugoslávia nunca havia alcançado. 5 anos depois, em 2003, a Iugoslávia deixou oficialmente de existir, tendo sua federação se tornado Sérvia e Montenegro, e atualmente apenas Sérvia, país que herdou os feitos esportivos da República Socialista Federativa da Iugoslávia, com mais história do que títulos, numa dessas ironias do destino. 

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